Gravidez anembrionada, aborto espontâneo(?), curetagem e muita tristeza.
Gravidez

Gravidez anembrionada, aborto espontâneo(?), curetagem e muita tristeza.







Essa é uma parte muito difícil da minha história de tentante. Cada vez que lembro de tudo aquilo que houve meu coração quebra mais um pouquinho.

Eu estava muito bem, tinha uma gestação saudável apesar de ainda não ter visto meu bebê, já que na ultrassom de 6 semanas só havia visto o saco gestacional, mas estava bem, nada de enjoos fortes nem sintomas agudos, apenas fome e umas dores na lombar, nada demais. Apesar disso não me tranquilizava, era como se eu esperasse que algo ruim fosse acontecer, não conseguia me imaginar com o meu tão sonhado bebê nos braços, era estranho. Em partes, acho que o fato de não ter visto o bebê na ultrassom contribuía pra esses receios, mas em partes acho que era o sexto sentido me mostrando o que viria.
No dia 9/12/14, uma terça-feira, fui a um parque aquático com meu filho e meu marido, era um passeio da escola de meu filho e estávamos empolgados, mas meu médico me recomendou que não entrasse muito na água e tomasse cuidado e assim o fiz. Passei o dia com um certo receio de fazer algo errado e uma dor muito estranha na lombar, algo diferente do que eu vinha sentindo. Na hora de ir embora eu me sentia cansada e triste e sabia que tinha algo acontecendo. Mesmo tendo tomado muito cuidado o dia todo eu me sentia culpada, como se tivesse prejudicado meu bebê de algum jeito. Chegando em casa eu estava tão triste que chorei no banho pedindo a Deus que não permitisse que nada de ruim acontecesse, mas parecia que eu já sabia o que viria pela frente.
No dia seguinte, 10/12, o dia e que eu completava 9 semanas eu amanheci sem meu sintoma mais gritante: a dor nos seios sumira. Eu havia lido sobre isso em fóruns de tentantes, que sumiço repentino de sintomas podiam indicar problemas e me preocupei, mas também poderia não ser nada, então fui trabalhar normalmente. Trabalhei até as 12 h, quando iria almoçar, mas antes dei uma passada no banheiro e ao me limpar me deparei com uma borra marrom. Imediatamente eu soube que havia algo errado, mas tinha esperanças que fosse no máximo um descolamento de placenta, eu juro que ficaria de cama por 9 meses se fosse necessário pra evitar isso, mas não foi o caso.
Minha sogra foi me buscar no trabalho pra levar ao médico e eu queria chorar, só chorar. Fui ao hospital e fui atendida por um médico grosseiro que nem me examinou e mandou fazer a ultrassom. Na espera da ultra também fui maltratada pela atendente que foi extremamente ignorante e arrogante no pior momento da minha vida. Eu chorei, dessa vez até engasgava, era um misto de raiva daquele tratamento com a tristeza de saber que em breve sairia o meu pior veredicto. Na espera, algumas pessoas tentaram me consolar, mas nada melhorava. Entrei na sala de ultrassom e a primeira imagem já mostrou o que eu temia: o saco gestacional vazio às 9 semanas.
Voltei à sala do médico sabendo que não estava mais grávida. Eu só queria resolver tudo logo, mas o médico me tratou com descaso apenas me receitando Buscopan e me dispensando, dizendo que minha gravidez não iria pra frente, mas também sem fazer nada pra me ajudar ou explicar.
Não aceitei, fui correndo ao meu ginecologista que estava atendendo em outra clínica. Ele também foi frio e me mandou tomar Utrogestan, mesmo sabendo que eu estava passando por uma gravidez anembrionada (ovo cego) e em processo de abortamento.
Fui embora arrasada. Ao chegar em casa eu chorei sem parar, parecia que ia morrer, eu ainda estava grávida, mas do meu ventre não sairia um bebê, eu sentia meu corpo reagir ao HCG, mas não estava realmente grávida. Era horrível. O aborto poderia começar a qualquer hora, ou dia, ou semana. Pior ainda foi olhar para o meu marido e filho e contar a eles que ali não havia um bebê, que o irmãozinho e filho tão sonhado não viria.
No outro dia eu tinha consulta agendada com o médico que iniciou meu pré-natal, mas do qual eu não tinha gostado muito por ser frio. Mas ele se mostrou muito mais humano que os outros, quase chorou comigo e me tratou muito bem. Ele me explicou o que estava acontecendo, que minha gestação era inviável, pois a parte que deveria formar o embrião não estava presente devido a um erro cromossômico que não era culpa de ninguém, inclusive eu estava muito saudável e não tinha nenhum problema, era uma fatalidade. Ele me receitou um medicamento pra limpar o útero chamado Ergotrate. Disse que causaria cólicas e sangramento, mas que se esse se tornasse muito forte eu deveria ir ao hospital.
Passaram-se vários dias e o remédio não fazia efeito. Só fui sangrar bastante quatro dias depois e pensei que já havia limpado o útero, mas ao fazer uma ultrassom descobri o saco gestacional ainda lá, vazio. Foi pior ainda. Naquele dia decidi tomar água inglesa pra ver se acabava de limpar,eu estava sofrendo muito e queria muito recomeçar. Tomei a água inglesa e cerca de uma hora após eu entrei em trabalho de parto. Foram 12 h de contrações e sangramento até que à meia-noite as dores passaram. Dormi e acordei com o pior sangramento que já tive, mas todos falavam que era normal, mas não, um dia depois, no dia 18/12 fui ao hospital com muita fraqueza e sangramento e descobriram a hemorragia devido ao aborto incompleto e fui internada pra curetagem.
Senti muito medo, não queria passar pelo procedimento, mas àquela altura eu nem questionei mais. Fiz, me senti muito triste depois, vendo aquelas mães dando à luz e depois com seus bebês nos braços e eu saindo da maternidade de braços vazios.Graças a Deus e a muita insistência e choro meu, a enfermeira colocou no meu quarto outras duas moças que haviam perdido os seus bebês e não mulheres que haviam acabado de dar à luz, seria mais sofrimento ainda.
Ao ir embora soube que nada seria igual. Uma parte de mim queria dormir e só acordar quando estivesse grávida de novo, mas outra parte tinha que levantar e enfrentar as inconveniências e comentários alheios sobre mim e minha ausência de gravidez.
Mas eu estou aqui e não há um só dia em que eu não me lembre, e sofra e não pense se um dia eu engravidarei de novo.
No mais eu fiz toneladas de exames que estão ótimos. Nenhum problema. Minha menstruação veio com 31 dias e eu voltei a tentar, até agora sem sucesso. Já se passaram quatro meses. Nesse último ciclo a monstra adiantou e o ciclo foi de 26 dias, o que me deixou mais esperançosa, pois senti a ovulação antecipada e foi isso mesmo que aconteceu.
Sei que na hora certa Deus me dará meu bebezinho. Preciso acreditar nisso. Eu acredito.
Estou fazendo a minha parte, esse mês até comprei testes de ovulação, mas isso é assunto pra outro post.

Obrigada por ler e se você também passou por isso, sinta -se abraçada. Conte sua história nos comentários!




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